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segunda-feira, 31 de julho de 2017

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

                   O denominado Transtorno Obsessivo-compulsivo, popularmente conhecido pela sigla “TOC”, ao contrário do que muitos pensam, é uma doença grave e pode ser muito incapacitante.

                  O TOC é um transtorno que se caracteriza pela presença de duas situações: as obsessões e as compulsões. Daí, obviamente, os adjetivos “obsessivo” e “compulsivo” para qualificá-lo. As obsessões são pensamentos desagradáveis que invadem a mente do portador de TOC, causando imenso desconforto, uma ansiedade altíssima, e para aliviar esse desconforto causado pela ansiedade, ele lança mão das compulsões, que são os famosos rituais do transtorno em foco.

                    Mas os sintomas do TOC não envolvem apenas alterações do pensamento, que são as obsessões, ou do comportamento, que são as compulsões; envolvem também alterações das emoções, porque geram ansiedade, tristeza, desconforto, aflição, culpa, dentre outros.

                    Hodiernamente os profissionais da saúde mental já trabalham até mesmo com uma ideia neurobiológica do TOC. Na década passada foram realizadas pesquisas que demonstraram que o cérebro do portador de TOC apresenta algumas alterações quando comparado ao cérebro de não portadores da doença. Ter esse conhecimento ajuda no manejo da doença, que deve ser encarada e tratada de forma multidisciplinar.

                     Até pouco tempo, o TOC era considerado um transtorno raro. Hoje, porém, graças às diversas pesquisas, é sabido que a doença atinge cerca de 2,5% da população. No Brasil, estima-se haja mais de 4 milhões de portadores de TOC.

                   Infelizmente, a maioria dos portadores de TOC não busca tratamento. Os que buscam, o fazem depois de muitos anos de sofrimento. Pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) constatou que a maioria dos pacientes que busca ajuda leva em média 23 anos para tanto. Ou seja, é muito tempo em sofrimento e, frequentemente, uma vida praticamente perdida por conta dos rituais que roubam tempo considerável do paciente, chegando em certos extremos ao ponto de impedir o sujeito de fazer qualquer outra coisa na vida.

                   Há quem lamentavelmente ache engraçados os rituais dos portadores de TOC, o que traduz falta de empatia e de noção sobre essa doença grave que, longe de ser engraçada, está entre as dez maiores causas de incapacitação, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em razão, porém, dessa visão distorcida, os acometidos de TOC costumam ter muita vergonha de seus rituais, alguns até se escondem para realizá-los.

                   Alguns portadores do transtorno em questão tem a mente invadida por pensamentos impróprios; blasfemos; extremamente catastróficos, passando a considerar a si próprios pervertidos, portadores de algum desvio moral ou de caráter, diante do qual não podem ser ajudados. Em tais casos, é essencial a psicoeducação, para conscientizar o paciente de que ele não possui um desvio de caráter e sim uma doença, com sintomas que produzem pensamentos esdruxulos, e que precisa ser trabalhada.

                   Os sintomas do TOC prejudicam a vida familiar, social e profissional do portador, muitas vezes exigindo adaptação por parte da própria família, com a qual surgem frequentemente conflitos. O contato social costuma ser evitado por quem tem a doença, para que possam manter seus rituais e para que não precise falar ou dar explicações a respeito. De igual modo, no trabalho o sujeito acaba sofrendo prejuízos em razão do tempo que precisa investir nos rituais.

Tratamento do TOC pela Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

              A Terapia Cognitivo-Comportamental baseia-se na premissa de que pensamentos influenciam emoções e comportamentos, assim como as emoções também influenciam os pensamentos.
                  
                No tratamento do TOC, o terapeuta cognitivo-comportamental foca nos pensamentos distorcidos do paciente e em suas crenças disfuncionais, presentes em maior ou menor intensidade, sendo este o ponto de partida para o tratamento dos sintomas obsessivos e compulsivos. Quando, eventualmente, apresenta o paciente dificuldade de insights em relação aos seus sintomas e dificuldade cognitiva, utiliza-se uma terapia, de natureza comportamental, chamada Terapia de Exposição e Prevenção de Resposta - EPR.

                   Consiste a exposição no contato direto ou na imaginação com objetos, lugares ou situações evitados em razão do medo, aflição ou nojo que o contato provoca. Ao seu turno, a prevenção de respostas (ou dos rituais) é a abstenção, por parte do paciente, de realizar rituais, compulsões mentais, ou outras manobras, destinadas a aliviar ou neutralizar medos ou desconfortos associados às obsessões. O efeito principal, tanto da exposição como da prevenção dos rituais, é o aumento instantâneo da ansiedade, que pode chegar a níveis elevados nos primeiros exercícios, mas que diminui até desaparecer num intervalo, em geral, entre 15 e 180 minutos, melhorando a cada repetição do exercício até desaparecer (fenômeno que, na Terapia Comportamental, é conhecido por habituação).

                   Existe a impressão clínica de que, para determinados pacientes,  como os que apresentam predominantemente obsessões ou pensamentos impróprios de conteúdo sexual, blasfemo ou ruminações obsessivas, técnicas cognitivas oferecem melhores resultados.


Filmes Indicados:
O Aviador, de Martin Scorsese, com Leonardo Di Caprio;

Melhor Impossível, de James L. Brookes, com Jack Nicholson.

segunda-feira, 26 de junho de 2017