TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)
O denominado Transtorno
Obsessivo-compulsivo, popularmente conhecido pela sigla “TOC”, ao contrário do
que muitos pensam, é uma doença grave e pode ser muito incapacitante.
O TOC é um
transtorno que se caracteriza pela presença de duas situações: as obsessões e
as compulsões. Daí, obviamente, os adjetivos “obsessivo” e “compulsivo” para
qualificá-lo. As obsessões são pensamentos desagradáveis que invadem a mente do
portador de TOC, causando imenso desconforto, uma ansiedade altíssima, e para
aliviar esse desconforto causado pela ansiedade, ele lança mão das compulsões,
que são os famosos rituais do transtorno em foco.
Mas os
sintomas do TOC não envolvem apenas alterações do pensamento, que são as
obsessões, ou do comportamento, que são as compulsões; envolvem também
alterações das emoções, porque geram ansiedade, tristeza, desconforto, aflição,
culpa, dentre outros.
Hodiernamente
os profissionais da saúde mental já trabalham até mesmo com uma ideia
neurobiológica do TOC. Na década passada foram realizadas pesquisas que
demonstraram que o cérebro do portador de TOC apresenta algumas alterações
quando comparado ao cérebro de não portadores da doença. Ter esse conhecimento
ajuda no manejo da doença, que deve ser encarada e tratada de forma
multidisciplinar.
Até pouco tempo, o TOC era
considerado um transtorno raro. Hoje, porém, graças às diversas pesquisas, é
sabido que a doença atinge cerca de 2,5% da população. No Brasil, estima-se
haja mais de 4 milhões de portadores de TOC.
Infelizmente, a maioria dos
portadores de TOC não busca tratamento. Os que buscam, o fazem depois de muitos
anos de sofrimento. Pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRS) constatou que a maioria dos pacientes que busca ajuda leva em média 23
anos para tanto. Ou seja, é muito tempo em sofrimento e, frequentemente, uma
vida praticamente perdida por conta dos rituais que roubam tempo considerável do
paciente, chegando em certos extremos ao ponto de impedir o sujeito de fazer
qualquer outra coisa na vida.
Há quem lamentavelmente ache
engraçados os rituais dos portadores de TOC, o que traduz falta de empatia e de
noção sobre essa doença grave que, longe de ser engraçada, está entre as dez
maiores causas de incapacitação, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em razão, porém, dessa visão distorcida, os acometidos de TOC costumam ter
muita vergonha de seus rituais, alguns até se escondem para realizá-los.
Alguns portadores do
transtorno em questão tem a mente invadida por pensamentos impróprios;
blasfemos; extremamente catastróficos, passando a considerar a si próprios
pervertidos, portadores de algum desvio moral ou de caráter, diante do qual não
podem ser ajudados. Em tais casos, é essencial a psicoeducação, para
conscientizar o paciente de que ele não possui um desvio de caráter e sim uma
doença, com sintomas que produzem pensamentos esdruxulos, e que precisa ser
trabalhada.
Os sintomas do
TOC prejudicam a vida familiar, social e profissional do portador, muitas
vezes exigindo adaptação por parte da própria família, com a qual surgem
frequentemente conflitos. O contato social costuma ser evitado por quem tem a
doença, para que possam manter seus rituais e para que não precise falar ou dar
explicações a respeito. De igual modo, no trabalho o sujeito acaba sofrendo
prejuízos em razão do tempo que precisa investir nos rituais.
Tratamento do TOC pela Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A
Terapia Cognitivo-Comportamental baseia-se na premissa de que pensamentos influenciam
emoções e comportamentos, assim como as emoções também influenciam os
pensamentos.
No
tratamento do TOC, o terapeuta cognitivo-comportamental
foca nos pensamentos distorcidos do paciente e em suas crenças disfuncionais,
presentes em maior ou menor intensidade, sendo este o ponto de partida para o
tratamento dos sintomas obsessivos e compulsivos. Quando, eventualmente,
apresenta o paciente dificuldade de insights
em relação aos seus sintomas e dificuldade cognitiva, utiliza-se uma terapia,
de natureza comportamental, chamada Terapia de Exposição e Prevenção de Resposta
- EPR.
Consiste a exposição no contato direto ou na
imaginação com objetos, lugares ou situações evitados em razão do medo, aflição
ou nojo que o contato provoca. Ao seu turno, a prevenção de respostas (ou dos rituais) é a abstenção, por parte
do paciente, de realizar rituais, compulsões mentais, ou outras manobras,
destinadas a aliviar ou neutralizar medos ou desconfortos associados às
obsessões. O efeito principal, tanto da exposição como da prevenção dos
rituais, é o aumento instantâneo da ansiedade, que pode chegar a níveis
elevados nos primeiros exercícios, mas que diminui até desaparecer num
intervalo, em geral, entre 15 e 180 minutos, melhorando a cada repetição do
exercício até desaparecer (fenômeno que, na Terapia Comportamental, é conhecido
por habituação).
Existe a
impressão clínica de que, para determinados pacientes, como os que apresentam predominantemente obsessões
ou pensamentos impróprios de conteúdo sexual, blasfemo ou ruminações
obsessivas, técnicas cognitivas oferecem melhores resultados.
Filmes Indicados:
O Aviador, de Martin Scorsese, com Leonardo Di Caprio;
Melhor Impossível, de James L. Brookes, com Jack
Nicholson.